“Não é possível ver os doentes mentais apenas como passíveis de uma
“cura social” utópica” dr. Vandick Ponte
Anos 80. Na estreita rua
Clarindo de Queiroz, em frente ao Colégio Cearense, estaciona um veículo e dele
surge um homem majestoso, de corpo atlético, vestido de branco, atravessando
calmamente a via, atento às frutas espalhadas no chão. E então, após pegá-los
com cuidado e lavá-los nas límpidas águas do centro esportivo, degusta com
apetite os frutos amarelados dos oitis ao lado do vigilante amigo, sentados na
calçada. Ao partir, satisfeito, recebe o cumprimento do outro: ”Boa tarde,
Doutor!” Dias depois o “catador” recebia o Troféu Sereia de Ouro.
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Vandick Ponte - DN 9 mar 89
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11 de novembro de
2015. Parte da equipe do Instituto Tonny Ítalo (InsTI) adentra pela primeira
vez uma clínica psiquiátrica, modelo em tratamento a carentes, para uma
proveitosa visita à sua Fábrica de Vassouras Ecológicas, sendo recebida pelos
sorrisos das profissionais, que colaboram com incomparável grandeza social. Ao
primeiro contato com os internos, a emoção com o tratamento destes, que de
forma quase uníssona saudaram: “Bom dia!”. Da mesma forma, com o coração
radiante de emoção, a resposta no mesmo sentido.
“Homossexualismo não é doença nem perversão, mas
parte da natureza humana” dr. Vandick Ponte
Após formar-se em
1933, o cearense de Sobral Dr. Vandick Ponte especializou-se em
Neuropsiquiatria na Universidade de Columbia (EUA), retornando ao Ceará para se
dedicar, definitivamente à psiquiatria, como médico e professor. Desapontado
com o único centro de atendimento de Fortaleza, o Asilo da Parangaba,
superlotado e com altas taxas de mortalidade, notabilizou-se pela criação, ao
lado do colega Dr. Jurandir Picanço, da Casa de Saúde São Gerardo, em 1935,
onde hoje funciona o Instituto Vandick Ponte, surgindo então o pioneirismo na
assistência psíquica e humanitária no Norte e Nordeste brasileiro, ainda que de
iniciativa privada. Anos depois, após reforma na Previdência e surgimento de
convênios, voltou-se ao público.
Segundo o médico,
havia na época o constrangimento em “asilar” parentes, questionamentos aos
tratamento de então, quando a sociedade classificava os internos como “loucos”.
Dr. Vandick mandou abrir as portas e esquecer as grades, colocando cada
colaborador no mesmo grau de profissionalização: “No São Gerardo, cada médico é
um assistente social; cada assistente social um terapeuta ocupacional; cada
terapeuta um auxiliar de enfermagem, além da profissão específica dele”. “Não é
possível ver os doentes mentais apenas como passíveis de uma “cura social”
utópica”.
Suas ideias avançadas
ultrapassavam a restrição de sua formação acadêmica, penetrando na leveza da
sensibilidade social, chocando, numa época de conservadorismo e evidências
preconceituosas, ao afirmar que “homossexualismo não é doença nem perversão,
mas parte da natureza humana”, além de defender a liberação da maconha.
“As mães e os grandes homens/mulheres nunca morrem,
simplesmente encantam” dr. Airton Monte
Cronista diário do jornal
O Povo, Dr. Airton Monte (falecido em 2012) sempre citava seu colega e
ex-professor, das cativantes aulas na Faculdade de Medicina da UFC, tratando-o
humildemente como “Mestre”, atitudes idênticas de outros médicos. Chegou na São
Gerardo ainda acadêmico plantonista até o fim de sua vida, pois do seu amigo a
única vez que se afastou foi durante o velório, em 20 de julho de 2005, quando,
ao baixarem o corpo de Vandick, então com 93 anos, resolveu procurar o túmulo
da mãe, “perambulando pelo território dos mortos”. Como não encontrou,
conformou-se: “As mães e os grandes homens/mulheres nunca morrem, simplesmente
encantam”.
O Instituto Dr. Vandick Ponte, à frente a sua fundadora Dra. Marluce Oliveira, conta com dezesseis leitos,
nos quais o cliente recebe o tratamento farmacológico e terapêutico até a sua
recuperação e retorno ao convívio sócio-familiar. Isso foi fato comprovado pela
nossa equipe, que recebeu a garantia de apoio à sua causa, a educação de
crianças e adolescentes.
“Ecologicamente Correto
Socialmente Justo
Economicamente Viável”
Como membro do InsTI,
enquanto assistia as colegas Ivete e Gláucia Lima conversarem com as médicas,
debrucei-me no trabalho dos companheiros operários na fabricação de vassouras,
com o rádio ligado nas alturas ao som de Raul Seixas. Uma moça, usando short e
botas, regozijando numa das dezenas de cadeiras, balançava a cabeça, curtindo a
música. Fui até ela e disse: “Se você gosta de rock somos eu e você. Tamos
nessa!” Ela não falou, mas a resposta não poderia ser melhor: manteve o sorriso
e fez o sinal de positivo.
Negativo, portanto, é
não crer na felicidade. Positivo é o amor, o abraço fraterno. O InsTI, o
Instituto Wandick Ponte e os demais parceiros, que trabalham sem fins
lucrativos, não abrem mão dessa causa. Uma luta incansável, duradoura, mas que
seja compensada pela gentileza de um verdadeiro “bom dia”, “boa tarde”, “boa
noite”.
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_Lucas Jr. Vestindo Camiseta
feita de Pet do InsTI |
J. Lucas Jr.
Espaço Leitura do InsTI
fatoshistoricosmundoemdebate.blogspot.com
InsTI – Instituto Tonny
Ítalo e o Instituto Wandick Ponte fecham parceria e colaboração mútua. InsTI
passa a ser coletor e captador de garrafas pet para a Fábrica de Vassouras Ecológicas, cuja renda é revertida para os
portadores de transtornos mentais graves do Instituto Dr. Vandick Ponte.
Posteriormente, InsTI passará a vender as Vassouras Ecológicas (fibras
totalmente feitas de Pet). A Natureza Agradece!
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| *Gláucia, Lucas e Dra. Marluce |
_*Ao lado, honroso encontro InsTI - Instito Tonny Ítalo - Instituto
Instituto Dr. Wandick Ponte:Gláucia Lima, Lucas Jr. e Dra. Marluce Oliveira
Contatos
InsTI
55 - 85 – 9 9925 3015 →TIM
55 - 85 – 9 8583 0074 →OI
#SomosTodosTonnyÍtalo por Justiça, Alegria e Paz!
#SomosTodosInsTI.
Atores ou 'peões' na obra de uma cultura da não-violência, da generosidade, da
criatividade, da arte...
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